Calibração de Performance: por que (e como) tomar decisões mais justas nas organizações
- Luana Gabriela

- 7 de jul.
- 3 min de leitura
No mundo corporativo contemporâneo, onde a agilidade e a diversidade são palavras de ordem, avaliar pessoas com justiça se tornou mais do que um imperativo ético - é um pilar estratégico.
E é nesse contexto que a calibração de performance emerge não como uma etapa burocrática do ciclo de gestão, mas como um espaço sagrado de escuta, alinhamento e construção de decisões mais conscientes e coletivas.
Mas o que significa calibrar, na prática?
Calibração: o que é e por que importa
A calibração de performance é um processo em que lideranças se reúnem para discutir avaliações de pessoas, buscando consensos mais justos e consistentes. A ideia é simples: ninguém deve ser avaliado(a) unicamente pelo olhar de uma única pessoa, mas sim por uma lente ampliada, nutrida por múltiplos pontos de vista e mediada por critérios claros, conectados à cultura da organização.
Essa prática tem ganhado destaque global. Um estudo da Deloitte (2020) aponta que
organizações que adotam mecanismos colaborativos de avaliação aumentam em até 30% a percepção de equidade interna.
Outro dado relevante: segundo a Harvard Business Review (Edmonson, 2019),
ambientes com calibragem consciente têm maior engajamento e menor rotatividade.
Na Fractal, compreendemos a calibração como uma tecnologia social que atua em duas frentes: traz clareza sobre o desempenho real das pessoas e, ao mesmo tempo, fortalece a cultura organizacional com base em valores observáveis e praticáveis.
O que (de fato) está em jogo
Muitas vezes, quem lidera uma avaliação traz percepções legítimas - mas também carregadas de vieses inconscientes.
É natural: somos humanos, interpretamos o mundo por filtros pessoais.
Justamente por isso, a calibração existe.
Ela não serve para validar ou invalidar uma leitura, mas sim para construir uma visão mais sistêmica e justa sobre o desempenho de cada pessoa.
Sem isso, o risco é alto: incoerência nos critérios, sensação de injustiça, desmotivação e até perda de talentos.
Os maiores sabotadores da justiça nas avaliações
Entre os principais vieses que podem contaminar a qualidade de uma avaliação estão:
Viés de afinidade: tendência a avaliar melhor quem se parece conosco;
Efeito halo ou horn: quando uma qualidade ou defeito específico contamina a visão geral da performance;
Tendência à média: medo de usar os extremos da escala avaliativa, nivelando tudo “por baixo”;
Viés de grupo: pressão inconsciente para seguir a opinião da maioria;
Viés do ponto cego: acreditar que os outros têm preconceitos, mas nós não.
Todos esses padrões, se não reconhecidos, comprometem decisões importantes - promoções, feedbacks, desenvolvimento e reconhecimento.
O papel da cultura na calibração
Calibrar não é apenas falar sobre resultados. É, sobretudo, refletir sobre como as entregas são feitas e com quais valores.
É por isso que, em processos conduzidos pela Fractal, propomos que a avaliação considere não apenas o que foi entregue, mas como a pessoa demonstrou atributos como: escuta ativa, abertura ao diálogo, protagonismo, compromisso com o coletivo, coragem para discordar com respeito e responsabilidade ética.
Esses comportamentos, quando observados de forma consistente, revelam maturidade, alinhamento e potencial de crescimento.
Três perguntas que calibram mais que números
Acreditamos que algumas perguntas são poderosas para expandir a consciência de quem avalia. Por exemplo:
Se fosse outra pessoa na mesma situação, eu manteria essa avaliação?
Tenho evidências claras ou estou guiado(a) por impressões subjetivas?
Essa avaliação fortalece ou enfraquece a cultura que queremos construir?
Ao serem feitas com honestidade e coragem, essas perguntas ajudam a reduzir distorções e revelam padrões que podem (e devem) ser transformados.
Calibração como ritual de aprendizagem coletiva
Mais do que corrigir distorções, a calibração é um espaço de aprendizagem coletiva. É quando lideranças compartilham percepções, escutam umas às outras, desafiam seus próprios filtros e co-criam critérios que elevam o nível de consciência organizacional.
Ali, não se decide apenas o futuro de uma pessoa — mas também o que a organização legitima, valoriza e deseja expandir.
O que a Fractal propõe
Nos processos conduzidos pela Fractal, entendemos a calibração como parte de um ciclo de desenvolvimento contínuo e humanizado. Ao invés de reforçar uma cultura de ranking ou comparação, promovemos um olhar honesto, profundo e pautado por evidências.
Apoiamos lideranças a:
Organizar evidências observáveis e não apenas impressões;
Compreender e neutralizar os vieses que mais impactam suas decisões;
Alinhar expectativas e critérios entre áreas;
Usar a calibração como espaço de aprendizado e cultura de feedback;
Transformar a avaliação em um impulso para o desenvolvimento real.
Em resumo: calibrar é cuidar
Cuidar da cultura, das decisões e das pessoas.
Cuidar para que ninguém seja promovido(a) ou penalizado(a) por achismos.
Cuidar para que o desenvolvimento não seja uma promessa, mas uma prática viva.
Calibrar é mais do que avaliar com justiça - é um ato de compromisso com a cultura que queremos construir.


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