Cultura em Tempos de Incerteza: Por que Liderança, Segurança e Liberdade Precisam Andar Juntas
- Luana Gabriela

- há 5 dias
- 3 min de leitura
Desde o início da pandemia da Covid-19, você provavelmente foi bombardeado por inúmeras recomendações sobre como melhorar sua performance ou reestruturar sua empresa. Algumas fizeram sentido, outras nem tanto. Mas aqui, queremos propor uma reflexão essencial:
Como a cultura organizacional pode ser o eixo de equilíbrio e transformação em tempos de incerteza?
Liberdade e Segurança: o Pêndulo que Move as Culturas
Todas as pessoas, conscientemente ou não, tomam decisões em busca de dois grandes desejos: liberdade ou segurança. Esse pêndulo, presente desde o Iluminismo, também se manifesta nas organizações.
Algumas culturas organizacionais priorizam a autonomia, inovação e risco.
Outras, a estabilidade, o controle e a previsibilidade.
Zygmunt Bauman já alertava: liberdade sem segurança vira caos; segurança sem liberdade vira prisão. O segredo está no equilíbrio — e na consciência de qual cultura estamos reforçando.
Uma Crise Multidimensional e a Necessidade de Revisão Cultural
A pandemia revelou dimensões profundas da vida organizacional. Para além do impacto financeiro e operacional, vivenciamos uma crise afetiva e antropológica: as relações de trabalho mudaram, os valores se reorganizaram e o sentido do que fazemos foi colocado em xeque.
Segundo Betania Tanure, mais de 80% dos executivos das maiores empresas brasileiras relataram nunca ter enfrentado uma crise tão complexa. Muitos relatam impacto direto em suas vidas pessoais, afetivas e emocionais.
Nesse contexto, duas decisões se impõem:
"É preciso revisitar a cultura organizacional e equilibrar liberdade e segurança com uma abordagem que seja, ao mesmo tempo, firme e humana."
Cultura não é discurso. É prática diária.
Nos momentos de maior incerteza, é a cultura — e não a estratégia — que sustenta a organização. É ela quem orienta decisões quando os manuais deixam de funcionar.
Mas o que isso significa, na prática?
Significa olhar com profundidade para os comportamentos repetidos.
Questionar se os valores da empresa estão vivos ou apenas emoldurados na parede.
Observar o que está sendo recompensado e punido.
Reconhecer incoerências entre o que se fala e o que se vive.
Uma cultura consciente e forte promove um ambiente de segurança emocional e ao mesmo tempo incentiva a autonomia, a inovação e o protagonismo.
Como fortalecer a cultura em tempos incertos?
1. Mapear com honestidade
Identifique as potências (o que há de vivo e coerente) e as tensões (os pontos de ruptura entre o que é e o que se deseja). Ferramentas como OCAI, de Cameron & Quinn, podem apoiar esse diagnóstico, revelando estilos culturais predominantes e desejados.
2. Dar protagonismo às lideranças
Não se trata de controlar, mas de sustentar o exemplo. Lideranças coerentes inspiram confiança. São elas que traduzem a cultura em atitudes, especialmente em cenários de ambiguidade.
3. Praticar escuta genuína
Entender como as pessoas se sentem e o que estão vivendo é essencial para sustentar uma cultura adaptável e relevante. Escuta ativa, canais abertos e segurança psicológica precisam ser prioridades.
4. Revisar os rituais e os símbolos
Muitos artefatos culturais — reuniões, metas, premiações — foram criados em outro tempo. Avalie se ainda fazem sentido ou se reforçam comportamentos desalinhados com a cultura que se deseja.
Cultura e Finanças: Conexão, Não Contradição
Embora o foco aqui seja a cultura, não dá para ignorar que ela precisa ser sustentada — inclusive financeiramente. O desafio é evitar uma abordagem puramente racional e extrativista, que corta iniciativas humanas em nome de resultados de curto prazo.
Ao invés disso:
Oriente os investimentos com base no que fortalece a cultura.
Valorize produtividade com bem-estar, não em oposição.
Planeje com dados, mas decida com sensibilidade.
Cultura é responsabilidade compartilhada — mas começa pelo topo
Transformações culturais reais só acontecem quando há patrocínio intencional da liderança. Conselhos, diretorias e equipes executivas precisam dar o exemplo e sustentar o processo de forma coerente.
Na Fractal, acreditamos que toda mudança cultural precisa unir quatro forças:
Paixão pelo que se quer construir
Propósito compartilhado
Processo estruturado
Participação genuína das pessoas
Em tempos de incerteza, cultura é a nova estratégia
Cultura é o sistema operacional invisível da sua empresa. Ela guia comportamentos, sustenta relações, influencia resultados e se revela com ainda mais força em contextos de crise.
Por isso, a hora de olhar para ela com intencionalidade, coragem e sabedoria é agora.
Quer saber mais sobre como transformar a cultura da sua organização com intencionalidade e impacto real?
Fale com a equipe da Fractal e descubra como começar uma jornada sob medida para o seu contexto.



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