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Por que se conscientizar da cultura da sua empresa em tempos de incerteza?

  • Foto do escritor: Luana Gabriela
    Luana Gabriela
  • 14 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de mai.



Cultura é uma daquelas palavras que todo mundo usa, mas poucos realmente param para sentir. E sentir é preciso — porque cultura não é um post no mural, nem um valor estampado na parede. É o ar que se respira dentro de uma organização. Invisível, mas presente. Intangível, mas determinante.


A cultura nasce dos hábitos que se repetem dia após dia. Dos silêncios. Dos e-mails respondidos (ou ignorados). Da forma como se lidera, se pede ajuda, se ouve ou se interrompe. E, ainda que a gente nem sempre perceba, esses padrões estão dizendo, o tempo todo, quem realmente somos como grupo.


Mas por que falar de cultura consciente agora?


Porque estamos vivendo um tempo em que não dá mais para operar no piloto automático.

A complexidade do cenário atual exige mais do que estratégias bem desenhadas. Exige clareza de identidade. Coerência entre discurso e prática. E principalmente: lucidez sobre como nos comportamos coletivamente quando ninguém está olhando.


Peter Drucker dizia que “a cultura come a estratégia no café da manhã”. E se essa frase já fazia sentido antes, hoje ela virou quase um mantra. A estratégia pode ser copiada. A cultura, não. Ela é única. E, quando é consciente, vira um diferencial competitivo quase imbatível.


O que é uma cultura consciente?


Cultura consciente é aquela que se conhece.


É quando os hábitos diários não são apenas herdados ou reativos — mas escolhidos com intenção. É quando a gente para de repetir o que sempre fez, e começa a se perguntar: Esse comportamento ainda faz sentido? Essa escolha está alinhada com quem queremos ser?


Mas vamos ser honestos: agir com intenção o tempo todo não é fácil. Às vezes, nem percebemos os padrões. Outras vezes, percebemos… mas mudar exige energia, coragem, conversa. Agora imagine tudo isso não em uma pessoa, mas em um grupo de 10, 30, 100 ou mais.


Parece impossível? Não é. Exige disposição, escuta verdadeira e — talvez o mais importante — um compromisso coletivo com o que realmente importa.


Como mostrou uma pesquisa recente da MIT Sloan Management Review (2022), culturas organizacionais saudáveis são as principais responsáveis por retenção de talentos e engajamento, superando fatores como remuneração e benefícios. E mais: empresas com culturas fortes são mais resilientes diante de crises e incertezas.


A cultura reflete o sistema — e vice-versa


Peter Senge fala:

“Um sistema não está quebrado. Ele está apenas entregando exatamente o que foi desenhado para entregar.”

Ou seja: se sua empresa está acelerada, adoecida ou desmotivada, a pergunta não é "o que está errado?", mas sim: "O que estamos fazendo — consciente ou inconscientemente — que sustenta esse padrão?"


Talvez seja a sobrecarga de reuniões que não geram clareza. Ou a ausência de feedbacks reais. Ou ainda o silêncio em torno do que precisa mudar.


Esses sintomas revelam muito mais do que aparentam. Eles sinalizam o que a cultura está pedindo para ser visto.


Mas, para enxergar, é preciso escutar. E escutar, de verdade, é uma prática rara.


Rubem Alves dizia que “aprendemos a arte de falar, mas não a de ouvir”. Escutar a cultura — sem julgamentos, sem pressa, sem querer ajustar tudo de uma vez — é o primeiro passo para a transformação real.


Cultura não se impõe. Se constrói — e se influencia.


Não adianta criar um código de cultura e esperar que todo mundo aja conforme o esperado. A cultura não responde a decretos. Ela responde a exemplos.


Ela se forma nas microações. Na maneira como se lidera. Nos incentivos formais e informais. No que é celebrado e no que é tolerado.


E a boa notícia é que, mesmo diante da incerteza, você pode influenciar.


Se você faz parte da empresa, já faz parte da cultura. E, portanto, tem o poder (e a responsabilidade) de transformá-la.


Então por onde começar?


Comece por você. Pelas perguntas que só você pode responder:

  • Como você tem influenciado a cultura da sua empresa?

  • De que formas tem reforçado comportamentos saudáveis?

  • Quais hábitos talvez estejam alimentando padrões prejudiciais?

  • O que você pode escolher fazer diferente a partir de agora — nas suas ações, decisões e relações?


E mais:

  • Quais aspectos da cultura organizacional poderiam ser redesenhados para gerar resultados mais saudáveis, sustentáveis e coerentes com o que a empresa quer ser no mundo?


Em tempos de incerteza, consciência cultural não é um luxo. É uma estratégia.


Porque empresas são feitas de pessoas. E pessoas movem tudo.


Cultura é profunda. É complexa. É, acima de tudo, humana. E quanto mais consciência colocamos nela, mais inteiros nos tornamos como organizações — e como sociedade.


A cultura já está aí. A pergunta é: você está pronto para escutá-la?


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